Alimentos
industrializados: Corantes, espessantes, gordura trans e outros produtos podem
fazer mal.
Gordura
trans, vegetal ou hidrogenada, espessantes, acidulantes, ácido cítrico,
ciclamato de sódio, aspartame, conservante antimofo. Você sabe o que está
colocando no seu prato quando consome produtos industrializados que contêm esse
bando de ingredientes e qual a relação deles com sua saúde? A maioria das
pessoas, não. Devido à sua praticidade, os industrializados ocupam uma parcela
cada vez maior no mercado de alimentos — afinal, o único trabalho que se tem é
o de abrir a embalagem e colocá-la, geralmente, no forno de microondas.
Definitivamente, os industrializados vieram para ficar, pois representam uma solução
confortável para a vida corrida de um mundo cada vez mais globalizado.
Esses
alimentos, entretanto, podem ser uma verdadeira armadilha para a saúde,
causando alergias, doenças cardiovasculares e até câncer quando consumidos
demasiadamente, segundo o nutrólogo Ênio Cardillo Vieira, professor emérito da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e vice-presidente da Academia
Mineira de Medicina. Reportagem de Ludmylla Sá, no Correio Braziliense.
“Para
tornar esses alimentos mais vistosos, práticos e duráveis, os fabricantes se
valem de algumas dezenas de aditivos químicos. Os mais comuns são os corantes,
aromatizantes, conservantes, antioxidantes, estabilizantes e acidulantes. São
eles os responsáveis por dar sabor, cheiro e aspecto naturais aos alimentos
industrializados, além de maior durabilidade. Os embutidos e os enlatados, ou
seja, os alimentos cárneos, que dominam a nossa vida, caso dos hambúrgueres,
defumados e salsichas, são os grandes vilões”, ataca. “Eles têm alto índice de
nitrito, uma espécie de conservante que pode produzir nitrozanina, substância
altamente cancerígena. No Japão, há um índice elevado da doença atribuído ao
alto consumo de defumados.”
Outra
grande vilã é a gordura vegetal hidrogenada, amplamente conhecida como gordura
trans. Ela está presente na maioria dos alimentos, como biscoitos (recheados e
waffers) — nos quais também são encontrados conservantes, antimofos e corantes
—, salgadinhos empacotados, batatas fritas, tortas e bolos prontos, pães doces,
pães de forma, sorvete, achocolatados prontos, margarina, requeijão cremoso,
pipoca para microondas, temperos prontos, em tabletes ou em pó. “A diferença da
margarina para o plástico, inclusive, é de apenas uma molécula”, acrescenta o
nutrólogo.
Colesterol
Adotada
pela indústria como alternativa à gordura de origem animal, conhecida como
saturada, a gordura trans foi considerada, por um tempo, por ser de origem
vegetal, pouco ofensiva à saúde. Estudos posteriores, porém, descobriram que
ela é ainda pior que a saturada, pois aumenta o LDL (colesterol ruim) e baixa o
HDL (colesterol bom), causando doenças, sobretudo cardiovasculares, como
infarto do miocárdio e derrame cerebral, de acordo com Cardillo. “A gordura de
origem animal, por seu lado, não diminuiu os níveis de HDL no organismo”,
acrescenta.
A
aceleração da vida moderna torna uma tarefa árdua saber o que realmente está
sendo ingerido, na avaliação da especialista em nutrição Maria Isabel Correia,
professora do Departamento de Cirurgia da UFMG. “Se pudéssemos trocar o bolo vistoso
daquela confeitaria famosa pelo que fazemos em casa seria o ideal, porque
saberíamos o que realmente estaríamos adicionando e, posteriormente, comendo.
Como é difícil, o ponto-chave é saber o que é bom e o que é menos ruim, pois,
na correria do dia a dia, vamos comê-lo invariavelmente. A dieta ideal é a mais
natural possível, o que é quase impossível na nossa rotina”, pondera.
De
qualquer forma, é bom que os hábitos alimentares sejam reavaliados, segundo
Ênio Cardillo, e, sobretudo, o estilo de vida. Assim, será possível evitar uma
série de malefícios à saúde, principalmente o câncer. “Pesquisas do Instituto
Nacional do Câncer mostram que o câncer é uma doença de estilo de vida e 30%
dos casos são causados pelos maus hábitos alimentares”, acrescenta Maria
Isabel.
Então,
é bom abrir o olho e ler, tintim por tintim, os rótulos dos alimentos, segundo
Maria Isabel. Eles devem trazer, por determinação da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), todas as informações referentes ao conteúdo dos
alimentos, como a quantidade de colesterol, de cálcio e de ferro e também se o
produto apresenta quantidade igual ou superior a 5% da ingestão diária
recomendada (IDR) desses itens.
Inimigo
oculto
ALGUNS ADITIVOS E OS EFEITOS COLATERAIS DOS CONSERVANTES
» ANTIOXIDANTES: são compostos que previnem a deterioração dos
alimentos por mecanismos oxidativos. A oxidação envolve a adição de um átomo de
oxigênio ou a remoção de um átomo de hidrogênio das moléculas que constituem os
alimentos. Os mais usados são ácido benzoico, nitratos e nitritos. Podem causar
alergia, distúrbios gastrointestinais, dermatite, aumento de mutações
genéticas, hipersensibilidade, câncer gástrico e do esôfago.
» CORANTES: podem ser naturais ou sintéticos — esses, geralmente
em pó ou em grãos, são tóxicos. Como, porém, a concentração usada é muito
pequena, não chega a ser preocupante. Mesmo assim, certos corantes permitidos
no Brasil (a exemplo do Allura) foram proibidos em vários países (como o
Canadá), porque podem causar reações alérgicas, convulsões e câncer.
» ESPESSANTES OU ESTABILIZANTES: a principal função é aumentar a
viscosidade do produto final, bem como estabilizar emulsões. A formação e a
estabilização de espuma em vários produtos também são efeitos desses aditivos.
Podem provocar irritação da mucosa intestinal e ação laxante.
» UMECTANTES: responsáveis por manter o alimento úmido e macio. No
coco ralado, por exemplo, é adicionada glicerina. Nos marshmallows, adiciona-se
monoestearato glicérico. Podem causar distúrbios gastrointestinais e da
circulação pulmonar.
» ACIDULANTES (ÁCIDO ACÉTICO): aumentam a acidez, ou
simplesmente dão ou intensificam o sabor ácido. Pode ajudar na conservação, por
atenuar o aparecimento de certos microorganismos ao aumentar o Ph do meio. Aumentam
ainda a eficácia de conservantes. Quando usados demasiadamente, podem provocar
cirrose hepática, descalcificação dos dentes e dos ossos.
» FLAVORIZANTES: são responsáveis por dar ao produto industrializado
sabor característico ao in natura. Podem causar câncer e alergias.
» GORDURA TRANS: é a gordura vegetal transformada em gordura sólida.
Também conhecida como óleo hidrogenado, é usada para dar crocância e
consistência aos produtos industrializados. Causa obesidade, câncer de mama e
doenças cardivasculares, em decorrência do aumento do colesterol ruim e da
diminuição do colesterol bom.
» AGENTES ADOÇANTES: estão presentes em produtos destinados a
consumidores que precisam de restrição calórica, portadores de diabetes ou
pessoas que têm problemas ao ingerir certos açúcares. Os mais usados na
indústria são o aspartame e os elaborados a partir de ciclamato de sódio e
sacarina sódica, que podem provocar câncer, o que ocorreu com estudos em ratos.
Por isso, embora vendidos livremente no Brasil, foram proibidos nos EUA, ainda
que sem testes em seres humanos.
Créditos: EcoDebate
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